Biomateriais a partir da colônia bacteriana do kombucha: quando a vida vira matéria artística
No universo da bioarte, algumas das transformações mais potentes começam em lugares simples — como dentro de um frasco onde um scoby cresce silenciosamente. Esse conjunto de bactérias e leveduras, responsável por fermentar o kombucha, vem ganhando um novo protagonismo: além de criar uma bebida viva e cheia de história, torna-se também matéria-prima para o desenvolvimento de biomateriais sustentáveis.
ARTE CONTEMPORÂNEA
Roberta Stamato
11/25/20252 min read


No universo da bioarte, algumas das transformações mais potentes começam em lugares simples — como dentro de um frasco onde um scoby cresce silenciosamente. Esse conjunto de bactérias e leveduras, responsável por fermentar o kombucha, vem ganhando um novo protagonismo: além de criar uma bebida viva e cheia de história, torna-se também matéria-prima para o desenvolvimento de biomateriais sustentáveis.
No Arte Gávea, onde pesquisa e experimentação caminham lado a lado com processos naturais, o scoby aparece como um organismo fascinante. Quando desidratado e tratado, ele se transforma em uma espécie de biocouro maleável, resistente e totalmente biodegradável. Por ser um material vivo, suas texturas, espessuras e cores variam de acordo com o ambiente, criando superfícies únicas — verdadeiros retratos da relação entre tempo, temperatura e microbiologia.
Essa abordagem evidencia uma nova forma de pensar o fazer artístico: uma que acolhe a imprevisibilidade, o ritmo orgânico e a potência criativa dos microrganismos.


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Roberta Stamato, bioartista e mestre em fotografia e design visual pela NABA, será a facilitadora da vivência, trazendo uma abordagem ampla e aprofundada sobre práticas artísticas inovadoras com cultivo de cogumelos, degustação de kombucha e almoço.
Chá Vivo: pioneirismo que inspira novos caminhos
Para além do laboratório artístico, é importante reconhecer quem há anos cultiva essa cultura viva no cotidiano. O Chá Vivo é referência no Rio de Janeiro e um dos pioneiros no Brasil na produção artesanal de kombucha. Seu trabalho cuidadoso com as colônias bacterianas não apenas introduziu o kombucha a novos públicos, mas abriu caminho para que artistas e pesquisadores explorassem o scoby em outras dimensões — inclusive como biomaterial.
Essa parceria entre o Laboratório de Pesquisa e Experimentação do Arte Gávea e o Chá Vivo reforça um encontro natural: o de processos vivos que alimentam tanto o corpo quanto a imaginação. Através dessa conexão, investigamos maneiras de ampliar o uso do scoby, explorando possibilidades estéticas, educativas e ecológicas que nascem desse organismo tão ancestral quanto contemporâneo.


